Matagais

Os matagais são as formações vegetais extensas ocupadas por comunidades arbustivas e sub-arbustivas e ocupam no nosso território uma extensa área.  A proliferação destas formações vegetais estão intimamente relacionadas com a desmatação das áreas arborizadas, com o abandono das actividades agrícolas, e até com o próprio fogo. São dominados fundamentalmente por espécies das famílias ericáceas, leguminosas e cistáceas. Os matos mais ameaçados são aqueles que possuem um maior número de endemismos, sendo a principal ameaça a deposição e exploração de inertes e a construção de infra-estruturas rodoviárias e urbanísticas.

 

Os matos mediterrânicos predominam nas regiões com características mediterrânicas ou com condições climáticas de secura e solos calcários. Estes matos desenvolvem-se sobretudo na zona litoral ou próxima desta (matos costeiros). Aparecem vulgarmente as urzes xéricas, sargaços, rosmaninhos, tomilhos entre outros. São exemplo da vegetação dos matos costeiros, a camarinha (Corema album), a sargaça (Halimium halimifolium), que é um endemismo luso-galaico, a sargacinha (Halimium calycinum), o rosmaninho (Lavandula stoechas), a murta (Myrtus communis), sargaço (Cistus salvifolius), urze-branca (Erica arborea), torga (Calluna vulgaris), assembleias (Iberis procumbens), trovisco-fêmea (Daphne gnidium ), o Thymus capitellatus (endemismo lusitanico), a sabina-da-praia (Juniperus phoenicea), entre outros.

 

Os matos atlânticos predominam nas regiões de maior humidade atmosférica e edáfica e em solos ácido-siliciosos, isto é, em zonas de maior altitude e de forte influência atlântica, surgem formações arbustivas baixas, onde predominam espécies do género Erica, como a urze-carapaça (Erica ciliaris), urze-queiró (Erica cinerea), a torga (Calluna vulgaris), acompanhadas pela carqueja (Pterospartum tridentatum subsp. tridentatum),  sargaços (Cistus salvifolius), e tojais de tojo-molar (Ulex minor), tojo-arnal (Ulex europaeus) e o aderno-bastardo (Rhamnus alaternus), como arbusto elevado.

As formações arbustivas mais altas desenvolvem-se em solos mais ácidos, bem drenados, com muita acumulação de matéria orgânica, onde se formam urzais de urgueira (Erica australis) acompanhada pela queiroga (Erica umbellata) e urze-branca (Erica arborea).

 

Em zonas aplanadas, depressões, ou fundo de vales com fraca drenagem, que se mantêm húmidos durante todo o ano e com forte influência atlântica, surgem os urzais higrófilos de urze-peluda (Erica tetralix), desenvolvem-se igualmente nas clareiras dos carvalhais, vidoais e turfeiras, formando associações com a Genista anglica, a giesteira (Genista micrantha) e tojo-molar (Ulex minor), entre outras.

 

Nas bordaduras dos carvalhais sobre solos siliciosos e profundos desenvolvem-se giestais (espécies arbustivas da família Leguminosae), constituindo a primeira etapa de degradação dos carvalhais e são dominados por, giesta-piorneira (Genista florida), giesta-das-vassouras (Cytisus striatus) (endemismo Ibérico), Cytisus scoparius subsp. scoparius, ranha-lobo (Genista triacanthos), a giesta-branca (Cytisus multiflorus), por vezes parasitadas pela Orobanche rapum-genistae.

Aos matagais aparecem associadas muitas herbáceas e sub-arbustivas, lagumas delas com estatutos de protecção, características destas comunidades, de onde se destaca a erva-das-sete-sangrias (Lithodora prostata subsp. prostata), Polygala vulgaris, Halimium umbellatum, pilotos (Halimium lasianthum), Agrostis capillaris, Agrostis curtisii, cravo-do-monte (Simethis mattiazzi), tuberária (Xolantha guttata), açafrão-bravo (Crocus serotinus), Romulea bulbocodium, quitamerendas (Merendera montana), tulipa-brava (Tulipa sylvestris subsp. australis), campainhas-de-outuno (Leucojum autumnale), frequentemente a Scilla monophyllos, entre outras.

 

Ver
Outros Habitats dominados por vegetação arbórea, arbustiva e subarbustiva