Habitats rupícola e/ou fissurícola |
Os habitats rupícola e/ou fissurícola caracterizam-se essencialmente pela escassez de solo e pela condicionante edáfica. As espécies vegetais que normalmente habitam nestes locais são capazes de sobreviver praticamente sobre rocha nua, retirando proveito da acumulação das mínimas partículas resultantes do desgaste das rochas, sendo por isso importantes nos primeiros estádios da sucessão primária. Para além da ausência ou escassez de solo, os factores ecológicos mais limitantes são as grandes amplitudes térmicas, a reduzida humidade atmosférica e a sua natureza geológica. Devido a todos estes condicionantes, estes locais apresentam uma flora muito específica, traduzindo-se na presença de alguns endemismos, que se encontram associados à presença de líquenes e briófitos que vegetam directamente sobre a superfície do solo. Muito mais diversificada é a vegetação que se desenvolve nas fissuras e pequenas depressões das rochas que tornam propicio a acumulção de particulas trazidas pelo vento, havendo aí retenção de solo, nutrientes e humidade necessários ao seu desenvolvimento. Das espécies endémicas mais representativas nos afloramentos graníticos destacam-se a Arenaria querioides, Digitalis thapsi, Plantago radicata subsp. monticola, entre outras. Dos taxa mais característicos desta comunidades salientam-se várias espécies de Sedum (Sedum anglicum, Sedum brevifolium, Sedum forsterianum, Sedum album, Sedum hirsutum), Gagea nevadensis, Narcissus triandrus, Solidago virgaurea e Leontodon pyrenaicus subsp. cantabricus. Nas escarpas quartzíticas, expostas nas encostas, geralmente nos locais de maior altitude, podemos encontrar uma crucifera, a Murbeckiella sousae, um endemismo de Portugal e com estatuto de conservação prioritário. Estas escarpas albergam ainda outras espécies, muitas delas endemismos, como, a Silene foetida, Arabis hirsuta, Dianthus lusitanus, Silene nutans subsp. nutans, Festuca indegesta, Thymus caespititius (espécie vulnerável), Armeria transmontana e Armeria humilis, entre muitas outras. Os locais mais húmidos e sombrios são colonizados por alguns fetos, tais como: Asplenium adiantum-nigrum, Asplenium billotii e Asplenium trichomanes. Existe ainda um outro tipo de vegetação rupícola e fissurícola que se encontra nos muros e em redor dos campos agricolas. Estas espécies caracterizam-se por estar adaptadas a um substrato vertical e as suas raízes penetram nas fissuras e fendas dos muros, recebendo nutrientes provenientes dos terrenos fertilizados das proximidades. São elas, o umbigo-de-vénus (Umbilicus rupestris), as ruínas (Cymbalaria muralis), polipódios (Polypodium vulgare e Polypodium interjectum), Erigeron karvinskianus (a vitadínia-da-florista), a fumária-das-paredes (Fumaria muralis), e os alfinetes (Centranthus ruber). |
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